OS APÓSTOLOS E SUAS OCUPAÇÕES.
OS APÓSTOLOS E SUAS OCUPAÇÕES.
Os apóstolos aprenderam de Jesus sobre
o Reino do céu, e Jesus aprendeu muito com eles sobre o reino dos homens e a
natureza humana. Todos eles, exceto os gêmeos Alfeus, haviam sido graduados
pelas escolas das sinagogas, tendo sido educados profundamente sobre as
escrituras dos hebreus.
A ORGANIZAÇÃO DO GRUPO
LÍDER
DO CORPO APOSTÓLICO:
ANDRÉ, 33 anos – Dirigente Geral [Presidente] do círculo dos
Apóstolos – Organizador, líder do corpo apostólico do Reino. Era o mais capaz
dos doze homens. Era chamado de chefe pelos apóstolos. De todos os apóstolos,
André era o melhor conhecedor dos homens. Ele sabia que os conflitos estavam
germinando no coração de Judas Iscariotes, mesmo quando nenhum dos outros
sequer suspeitava de que algo estava errado com o tesoureiro deles; mas ele
nada disse a ninguém sobre os seus temores. O grande serviço de André para o
Reino foi o de aconselhar a Pedro, a Tiago e a João a respeito da escolha dos
primeiros missionários – André admirava Jesus por causa da consistência da sua
sinceridade e da sua dignidade sem afetação.
CÍRCULO
INTERNO: Pedro, Tiago, e João foram apontados como auxiliares pessoais de Jesus, logo depois de se tornarem apóstolos. Pouco depois da seleção dos doze, e na época em que indicou André para atuar como dirigente do grupo, Jesus disse a André: “E agora eu desejo que tu designes dois ou três dos seus companheiros para estarem comigo e para permanecer ao meu lado, para me confortar e para ministrar às minhas necessidades diárias”. E André achou melhor selecionar, para esse dever especial, os outros três primeiros apóstolos escolhidos depois dele. Ele gostaria de se fazer voluntário, ele próprio, para esse serviço abençoado, mas o Mestre já lhe tinha dado a sua missão; e assim, imediatamente, ele apontou Pedro, Tiago e João para permanecerem mais próximos de Jesus. João escreveu o Livro da Revelação – Apocalipse. Apenas uma parte fragmentada e adulterada ficou preservada.
PEDRO, 30 anos – Simão Pedro era um homem
impulsivo, um otimista. Ele havia crescido dando a si próprio a indulgência de
ter sentimentos fortes. Pedro era um orador fluente, eloquente e dramático. Era
também um líder de homens, por natureza e por inspiração, um pensador rápido,
mas sem um raciocínio mais profundo. Fazia, mais do que todos os apóstolos
juntos, muitas perguntas e, embora a maioria delas fosse de boa qualidade e
pertinente, muitas eram impensadas e tolas – O traço que Pedro mais admirava em
Jesus era a sua ternura elevada. Pedro nunca se cansava de contemplar a
paciência de Jesus.
TIAGO, 30 anos – Jesus deu o nome de
“filhos do trovão”. Esse competente apóstolo possuía um temperamento
contraditório. Depois de Pedro, e talvez de Mateus, Tiago era o melhor orador
público entre os doze. Tiago podia estar quieto e taciturno em um dia e muito
falante e contador de histórias no outro. Em geral, ele falava livremente com
Jesus. De todos os doze, era ele quem chegava o mais próximo de captar a
importância e o significado real do ensinamento de Jesus – A característica de
Jesus mais admirada por Tiago era a afeição compassiva do Mestre. O interesse
compreensivo, manifestado por Jesus, para com o pequeno e o grande, o rico e o
pobre, exercia uma grande atração sobre ele.
JOÃO, 24 anos – João funcionou como o agente pessoal de Jesus
para cuidar da família do Mestre, e continuou com essa responsabilidade
enquanto Maria, a mãe de Jesus, viveu. O traço mais forte do caráter dele era a
sua confiabilidade; João estava sempre disposto e era corajoso, fiel e
devotado. A sua maior fraqueza era a vaidade característica. Não é de se
estranhar que ele deva ter chegado a considerar a si próprio como o “discípulo
a quem Jesus amava”, pois, muito certamente, ele sabia que era o discípulo em
quem, com tanta frequência, Jesus confiava – As características que João mais
apreciava em Jesus eram o amor e a falta de egoísmo do Mestre; esses traços
causavam tamanho impacto sobre João, que, posteriormente, toda a sua vida se
tornou dominada pelo sentimento de amor e de devoção fraterna.
SUPRIMENTO.
FELIPE, 30 anos – foi feito intendente; o
seu dever era zelar para que nunca lhes faltassem suprimentos. E ele cuidou bem
do almoxarifado. A sua característica mais forte era a minuciosidade metódica;
era tanto matemático quanto sistemático. Filipe conhecia Jesus há algum tempo,
mas não lhe tinha ocorrido que Jesus fosse realmente um grande homem, até
aquele dia no vale do Jordão em que ele disse: “Segue-me”. Filipe foi também,
de um certo modo, influenciado pelo fato de André, Pedro, Tiago e João haverem
aceitado Jesus como o Libertador. O apelido que os apóstolos deram a ele
significava “curiosidade”. Filipe estava sempre querendo que tudo se lhe fosse
mostrado. O ponto forte de Filipe era a confiabilidade metódica; o seu ponto
fraco era a total falta de imaginação – A qualidade de Jesus que Filipe tão
continuadamente admirava era a generosidade infalível do Mestre. Filipe nunca
encontrava nada em Jesus que fosse pequeno, avaro, miserável, e ele adorava
essa liberalidade sempre presente e infalível.
ASSISTÊNCIA SOCIAL:
NATANAEL, 25 anos –– O dever de Natanael era o
de cuidar das famílias dos doze. Ele estava frequentemente ausente do conselho
apostólico, pois, quando sabia que alguma doença ou outra coisa fora do
ordinário havia acontecido a alguém sob o seu encargo, ele não perdia tempo e
corria logo até a casa da vítima. Os doze ficavam sossegados ao saber que o
bem-estar das suas famílias estava assegurado nas mãos de Natanael. Ele era
“sem artifícios”. E essa era a sua grande virtude; ele era tanto honesto,
quanto sincero. A fraqueza do seu caráter era o seu orgulho. Ele era o filósofo
apostólico e o sonhador. Alternava estações de profunda filosofia com períodos
de um raro humor bufão; quando estava com o humor certo, Natanael era
provavelmente o melhor contador de histórias entre os doze. Se dava
esplendidamente com todos, exceto com Judas Iscariotes. Judas não achava que
Natanael levasse o seu apostolado suficientemente a sério, e certa vez cometeu
a temeridade de ir secretamente a Jesus para lançar uma queixa contra ele.
Jesus disse: “Judas, toma cuidado com o
que fazes; não superestimes o teu encargo. Quem entre nós é competente para
julgar o nosso irmão? A vontade do Pai não é que os seus filhos devam
compartilhar apenas as coisas sérias da vida. Deixa-me repetir: Eu vim para que
os meus irmãos na carne possam ter júbilo, alegria e uma vida de maior
abundância. Vai então, Judas, e faze bem aquilo que te tenha sido confiado e
deixa Natanael, o teu irmão, dar conta de si próprio a Deus”.
REPRESENTANTE
FINANCEIRO:
MATEUS, 31 anos – Captação de Oferendas
Voluntárias. Tendo sido supremamente devotado à tarefa de cuidar para que os
mensageiros do Reino vindouro fossem adequadamente financiados. Mateus era, ele
próprio, um coletor alfandegário em Cafarnaum. Era um homem de alguma posse, o
único que tinha um certo recurso entre os do corpo apostólico. O ponto forte de
Levi era a sua devoção, do fundo do coração, à causa. Que ele, um publicano,
tivesse sido adotado por Jesus, era motivo de uma gratidão imensa. Contudo,
levou algum tempo para que os apóstolos o reconciliassem no meio deles. A
fraqueza de Mateus era o seu ponto de vista estreito e materialista da vida. Mateus
recebia as oferendas voluntariamente feitas pelos discípulos crentes e ouvintes
imediatos dos ensinamentos do Mestre, mas ele nunca solicitou fundos
abertamente às multidões. Ele fazia todo o seu trabalho financeiro de um modo
silencioso e pessoal e levantava a maior parte do dinheiro entre os da classe
mais provida de crentes interessados. Ele praticamente deu a sua modesta
fortuna ao trabalho do Mestre e aos seus apóstolos, mas eles nunca souberam
dessa generosidade, salvo Jesus, que por si sabia tudo sobre isso – O que
Mateus mais apreciava era a disposição que o Mestre tinha de perdoar.
ROTEIRIZADOR:
TOMÉ, 29 anos – Na organização dos doze, ficou encarregado de
estabelecer e ordenar o itinerário; e ele foi um diretor à altura do trabalho e
dos movimentos do corpo apostólico. Mais tarde tornou-se conhecido como “o
incrédulo Tomé”. Apesar da pouca instrução, possuía uma mente perspicaz e de
bom raciocínio. Ele cresceu com uma disposição, bastante desagradável, para a
discussão. Até mesmo a sua esposa ficou contente quando o viu juntar-se aos
apóstolos, pois se sentiu aliviada com o seu pensamento pessimista. Tomé era “mesquinho, desagradável e
sempre suspeitando de tudo”. Entretanto, quanto mais os seus companheiros
conheciam Tomé, mais gostavam dele. Ele era estupendamente honesto e
inflexivelmente leal. Não era um crítico maligno. Era um pensador lógico. A
admissão de Tomé no grupo dos doze foi uma proclamação permanente de que Jesus
ama até mesmo àqueles que duvidam sinceramente.
SERVIÇOS
GERAIS:
TIAGO E JUDAS TADEU (gêmeos), 26 anos – André os designou
para o trabalho de manter a ordem junto às multidões. Eles eram os principais
porteiros nas horas de pregação e, de fato, eram os servidores gerais e
mensageiros dos doze. Eles ajudavam a Filipe com os suprimentos, levavam o
dinheiro às famílias cuidadas por Natanael, e estavam sempre prontos para dar
uma mão e ajudar a qualquer dos apóstolos. Não há muito a ser dito sobre esses
dois pescadores comuns. Eles amavam o seu Mestre e Jesus os amava, mas eles
nunca interromperam os seus discursos com perguntas. Eles entendiam pouquíssimo
sobre as discussões filosóficas e sobre os debates teológicos dos seus
companheiros apóstolos, mas rejubilavam- se por se verem incluídos naquele
grupo de homens poderosos. As multidões de gente comum ficavam muito
encorajadas de ver dois homens, tais como eles, serem honrados com um lugar
entre os apóstolos. Eles eram “os menores entre os apóstolos”; eles sabiam disso
e sentiam-se bem com isso – Tiago Alfeus amava especialmente a Jesus por causa
da simplicidade do Mestre. Judas Alfeus sentia-se atraído pela humildade sem
ostentação de Jesus. Jesus acolheu esses dois jovens, de um único talento,
dando-lhes posições de honra no seu grupo pessoal mais interno do Reino, porque
há milhões incontáveis de outras almas simples e temerosas, nos mundos do
espaço, às quais ele quer receber.
ENTRETENIMENTO E LAZER:
SIMÃO (Zelote), 28 anos – foi dado o
encargo das diversões e do descanso do grupo apostólico; e ele era um
organizador muito eficiente das diversões e das atividades de recreação dos
doze. A força de Simão estava na sua inspirada lealdade. Quando os apóstolos
encontravam um homem ou mulher debatendo-se de indecisão quanto à própria
entrada no Reino, eles o mandavam para Simão. Em geral levava apenas quinze
minutos para que esse advogado entusiasta da salvação pela fé em Deus
dissipasse as dúvidas e removesse toda indecisão; e logo se via uma nova alma
nascida na “liberdade da fé e no júbilo da salvação”. A grande fraqueza de
Simão estava no lado materialista da sua mente – O que Simão tanto admirava em
Jesus era a calma, a segurança, a estabilidade e a serenidade inexplicável do
Mestre.
TESOUREIRO:
JUDAS, (Iscariotes), 30 anos – Nomeado como
tesoureiro, posição para a qual ele estava eminentemente qualificado e
desincumbiu-se das responsabilidades do seu posto, honesta, fiel e muito
eficientemente. foi escolhido por Natanael. Ele nasceu em Queriot, uma pequena
aldeia no sul da Judéia. Os pais de Judas eram saduceus e, quando o filho deles
juntou-se aos discípulos de João, eles o repudiaram. Ele era provavelmente o
mais instruído e o único judeu na família apostólica do Mestre. Ele era um bom
pensador, mas não queria entender a si próprio; ele não era realmente sincero
ao lidar consigo mesmo. Judas era um bom homem de negócios. Era necessário
tato, habilidade e paciência, bem como uma devoção meticulosa, para conduzir os
assuntos financeiros de um idealista como Jesus, sem falar da luta com os
métodos desordenados de alguns dos apóstolos na condução dos negócios. Não
havia nenhum traço especial em Jesus que Judas admirasse mais do que a
personalidade atraente em geral e extraordinariamente encantadora do Mestre.
Judas colocar-se acima dos seus colegas galileus; ele chegava a criticar, na
sua mente, até mesmo Jesus, em muitas coisas. O caso de Judas ilustra a verdade
daquele ditado: “Há um caminho que parece o justo para um homem, mas o fim dele
é a morte”. Para Jesus, Judas foi uma aventura com a fé. Desde o começo, o
Mestre compreendeu totalmente a fraqueza desse apóstolo e sabia perfeitamente
bem dos perigos de admiti-lo na comunidade. No entanto, é da natureza dos
Filhos de Deus dar a todos os seres criados chances plenas e iguais de salvação
e de sobrevivência. Cada vez mais, Judas deixou que os desapontamentos pessoais
crescessem dentro dele, para finalmente tornar-se vítima do ressentimento. Em
breve ele tornou-se obcecado pela ideia de tirar a diferença e ficar quites, de
fazer qualquer coisa para vingar-se, sim, chegando até mesmo à traição aos seus
companheiros e ao seu Mestre. E essas ideia perversas e perigosas não tomaram
forma definitiva até o dia em que uma mulher agradecida entornou uma caixa
valiosa de incenso aos pés de Jesus. Isso pareceu um desperdício para Judas e,
quando o seu protesto público foi tão vivamente desaprovado por Jesus, ali,
diante de todos, foi demais. Aquele acontecimento determinou a mobilização de
todo ódio, mágoa, maldade, preconceito, inveja e vingança, acumulados durante
uma vida; e ele decidiu tirar a diferença, não importasse com quem; e então cristalizou
todo o mal da sua natureza sobre a única pessoa inocente em todo o drama
sórdido da sua vida desafortunada, apenas porque casualmente Jesus fora o
agente principal, no episódio que marcou a sua passagem escolhida por ele
próprio, do Reino progressivo da luz, para o domínio das trevas. O Mestre,
muitas vezes, tanto em particular quanto publicamente, havia prevenido a Judas
de que ele estava entorpecido; mas as advertências divinas em geral são inúteis
quando se trata da natureza humana amargurada. Jesus fez tudo o que foi
possível, e compatível com a liberdade moral humana, para impedir que Judas
escolhesse o caminho errado. O grande teste finalmente veio. O filho do
ressentimento fracassou; e, dando a si mesmo uma auto-importância exagerada,
cedeu aos ditames amargos e sórdidos de uma mente orgulhosa, vingativa, que
mergulhava célere em confusão, no desespero e na perversidade. Durante a
realização do plano concebido pela sua raiva e deslealdade traiçoeira, ele
experimentou momentos de arrependimento e de vergonha e, nesses intervalos de
lucidez, ele concebeu medrosamente, tal uma defesa para a sua própria mente, a
idéia de que seria possível que Jesus exercesse o seu poder para libertar a si
próprio, no último momento.
A porta da vida eterna está bem aberta
a todos; “quem quer que queira entrar, pode vir”; não há restrições ou
qualificações, a não ser a fé daquele que vem.
[fonte: Livro de Urântia.
por: Luiz Clédio Monteiro – dez/2017]
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